quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A Narrativa e o Navegante

Depois a porta bateu. E fechou-se.


O narrador do susto, levantou-se. Abriu os olhos ao espelho e lamentou:
-Desta vez cheguei tão perto!… , Oh doce narrativa, onde estás?... amada minha ?… Se soubesses…como desta vez cheguei… tão perto…como vi o teu medo, encoberto.…Sabes que o trouxe bem escondido no segredo de um enredo?… Já o ouço, pudesses tu ouvi-lo...
-...Oh meu amor, … meu cavaleiro, navegante… Cativa já não sou, e esse conto que ouves é o meu canto…Agarrei-me ao medo e vim. No teu ouvido a dizer-te que desta vez, por certo, não voltavas ao deserto… que desta vez irias ficar desperto, que desta vez poderias mostrar-me, enfim… o medo e o mundo a descoberto.

-És tu?...
-Sou eu!...

Vou contigo… Vamos lá andar a navegar….
E onde está o nosso barco? E o mar novo? Naveguemos, amigo, de lés em lés e de par em par…mas, mas porque choras??!!!... Porque olhas em redor, quem procuras com o olhar? Não sou eu a tua narrativa encantada? A tua amada?
-És minha princesa… e para sempre o serás… é que me lembro, sabes, é que me lembro de tudo… e o meu choro, amor, é só um rio de dor a correr de alegria…

1 comentário:

Bartolomeu disse...

Ainda estou de boca aberta.
Espanto, claro, pela tão bela escrita que se manifesta.
Prevejo uma simbiose narrativa/narrador, além de promissória, fecunda.
;))