quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O Narrador e a sua amada

Bateram à porta. E a porta abriu-se…

O narrador avançava pela imensa sala dos sonhos onde de medo dormia, bela, serena e silenciosa a sua narrativa encantada… Estava escuro em volta do seu andar a direito mas os seus olhos iam e seguiam o brilho só de o olhar… Era corajoso e estava decidido. Só que não se lembrava bem porque o fazia …ou como o faria…onde estava, e que era agora, que é que lhe acontecia?…Os pés bem caminhavam mas os seus olhos não iam!… O leito cheio de cor, bem o via, mas ele… ele, é que não ia…
De lá longe, a voz da narrativa que já não dormia chegou então, tão docemente, de repente, e juntando-se a ele dizendo…
-… Oh… bravo cavaleiro errante, poeta, amante, amor, e amigo…ainda bem… que voltaste!...
O narrador esquecido, envolto e aquecido entre tantos afagos de dama lá se lembrou ao que vinha, e reunindo as forças avançou mais um passo e lançou:
-…Sim…sou eu…e voltei. Para te levar comigo. Para juntos continuarmos na nossa vida sempre a andar. Para navegar, no novo mar, de lés a lés e de par em par… sabes ao que vim…e sabes que vim para te amar!… Vem…
-Amigo, amor, amante, poeta, e bravo cavaleiro andante… esperava-te… e como és, te quero… eu vou, mas é ainda aqui que te espero... Ainda estou cativa, ao fundo desse caminho por onde vens, encantada , serena e vazia…que é agora, porque vacilas e te deténs?.... Balbucias… Se vou, porque não vens?...
O narrador sentiu a dor. De os seus olhos a verem e de não saber como levar o seu andar errante no caminho de a encontrar…e enlaçar.
Narrativa e narrador ansiavam, chamavam, no silêncio se consumiam e sofriam…
Mas era só o amor que aprendiam!…

1 comentário:

Bartolomeu disse...

Esperemos que o amor pela narrativa, conquiste sólidamente o coração do narrador.
Eu, aposto que sim!!!